On segunda-feira, 9 de setembro de 2013 31 comentários

Particularmente, sou contra a greve no serviço público. Particularmente, considero a greve do funcionalismo de Araucária ilegal, além de exagerada. O grito que os sindicatos dão quer fazer crer que a Prefeitura está subtraindo direitos há uma eternidade quando, na verdade, a reposição da inflação deixou de ser concedida há apenas três meses e as progressões na carreira, as quais têm direito, no momento, uma minoria dos trabalhadores do Município, um pouco mais do que isso.

Minha posição contrária a greve que está aí também é reforçada quando sei que o maior prejudicado com ela é o cidadão araucariense, principalmente aqueles que mais carecem do Estado, como as crianças que vão para a escola ou para as creches não somente para aprender, mas também para ter o que comer. Ao parar, mesmo que parcialmente, um setor do Município, os sindicatos não punem o gestor, punem a população, que continua tendo que dar seus pulos para ir trabalhar e alimentar a máquina pública que pagará nossos salários no final do mês.

Há formas mais justas do que a greve, de chamarmos a atenção para o modo como a Prefeitura trata o servidor, se é que ele está sendo mal tratado mesmo. Pune-se o gestor que não dá a devida atenção ao funcionário subtraindo-lhe o voto na próxima eleição e, o pior, incentivando que outros façam o mesmo. Arrebenta-se com a imagem do prefeito fazendo protestos inteligentes, como este que se quer fazer agora, ocupando a frente do Paço Municipal ou mesmo de sua casa, alternando seus participantes para não afetar o atendimento ao público nas repartições. Judia-se do administrador, prestando um serviço de ótima qualidade ao munícipe, mas explicando-lhe que apesar da presteza no atendimento, não há reconhecimento por parte de quem comanda o Município. Pressões assim, porém, só podem ser exercidas por funcionários compromissados com a função pública que escolheram exercer e isto, infelizmente, não me parece ser o caso de alguns dos que insistem em continuar com a paralisação.

Também é preocupante na greve do momento a passionalidade que ela vem tomando. Há, de ambas as partes, movimentos que denotam uma intenção de atingir pessoas e não objetivos. Do lado dos grevistas, vê-se declarações revestidas de muita mágoa com relação ao comandante do Município, sentimentos que pareciam estar guardadinhos no fundo do baú e que vieram à tona com a greve. Do mesmo modo, há na Prefeitura o mesmo tipo de movimento. Isto não é bom! Afinal, mais cedo ou mais tarde, a paralisação vai acabar com um dos lados vencedores e será preciso se reestabelecer o diálogo para que a população, a única perdedora até o momento, não continue a sofrer mesmo com a decretação do término da guerra.

Comentários são bem vindos! Até semana que vem! 

On terça-feira, 3 de setembro de 2013 21 comentários

Quem para para pensar Araucária por alguns minutos não tem dificuldades para entender as razões que não fazem desta cidade a maravilha que ela deveria ser quando levamos em conta a quantidade de dinheiro que passa pelos cofres públicos da Prefeitura. Este município é uma verdadeira ilha da fantasia, prestes a ser engolida pelo oceano do descaso de quem o governou nos últimos vinte e poucos anos.

Nos últimos dias, por exemplo, tive que interromper o aplauso que dedicava a uma ação da Prefeitura quando soube que ela recuou da decisão de suspender a integração do transporte coletivo com o município de Contenda, que custa aos cofres municipais algo em torno de R$ 3 milhões por ano. Com todo respeito que tenho a população contendense, mas é um descalabro que o contribuinte araucariense tenha que bancar esta integração. Olizandro foi frouxo ao prorrogar esse “convênio” que possibilita que os passageiros peguem o coletivo em Contenda, desembarquem na rodoviária central de Araucária e possam ir a Curitiba pagando somente uma passagem. Afinal, o prefeito local não foi eleito para defender os interesses da cidade vizinha e sim do cidadão araucariense. Essa integração que sangra somente os nossos cofres já não se justificaria em tempos de vacas gordas, imagine agora que a vaca anda magrinha.

O desalento só aumenta quando paramos para pensar que o episódio envolvendo o transporte coletivo com Contenda não é o único da nossa ilha da fantasia. Vejam, por exemplo, a recente informação de que uma lei da década de 1980 isentava do pagamento de ISS as permissionárias de ônibus de Araucária. Um verdadeiro absurdo! Afinal, porque conceder tal privilégio a essas empresas se sempre pagamos pela tarifa o mesmo valor de Curitiba, onde não há tal benesse? Sei não, mas só acordos nada republicanos me parecem explicar essa condescendência.

Outra situação esdrúxula é o valor que pagamos a uma dessas empresas do transporte coletivo para gerenciar somente a linha que leva os passageiros residentes na região do Campina da Barra até o bairro Pinheirinho, em Curitiba. Ao longo dos anos, esse itinerário beneficiou o proprietário da empresa, lesou os cofres municipais e tirou do comércio central de Araucária milhares e milhares de consumidores, que preferem pegar o ônibus em questão e ir comprar nos estabelecimentos da Winston Churchill simplesmente por uma questão de agilidade e não de preço: é mais rápido ir à Curitiba pegando o Tupy/Pinheirinho do que vir à Araucária.

Essa ilha da fantasia chamada Araucária também se materializa quando vemos outras aberrações praticadas nos mais diversos setores. Na área da Saúde, por exemplo, temos três pronto atendimento 24 horas e mais um Hospital Municipal e mesmo assim as pessoas reclamam, com razão, da demora no atendimento. Considerando o tamanho da nossa população, não precisaríamos de três 24 horas. Precisaríamos somente de um que funcionasse direito. Mas para decidir pelo fechamento de dois e a estruturação decente de um com a devida interligação com o HMA não se pode ser covarde, não se pode pensar em pequenos conchavos, seja com fornecedores ou com funcionários, é preciso olhar para aquele que é o motivo da existência do Estado: a população.

Ainda nesta linha não há como deixarmos de falar da Educação, o grande calcanhar de Aquiles de nossa cidade (e do país). Hoje, Araucária gasta muito e mal neste setor. Precisaríamos revolucionar o modo como a área é administrada e para tanto, de novo, não podemos nos acovardar, se intimidar com vaias, moções, protestos e coisas do gênero. Já passou da hora do gestor implantar a meritocracia em nossas escolas. Já passou da hora de enquadrarmos o magistério municipal de modo a valorizarmos os bons profissionais e botarmos na rua os maus, pois o dinheiro público não é “bolsa incompetência” para sustentar uma razoável quantidade de desqualificados que existem hoje na nossa rede de ensino. Para tanto, a ilha da fantasia chamada Araucária precisa acabar com a aberração do tal do dia sem vínculo (o dia de não vir), encontrar uma forma de devolver ao Governo do Estado a manutenção do ensino de sexta à nona série, para que possamos dar a atenção devida à qualidade da educação oferecida nas séries iniciais e assim por diante.

Impossível também não falar de outro exemplo cabal de que esta cidade é uma verdadeira ilha da fantasia: o excesso de cargos em comissão tanto na Prefeitura como na Câmara. É inadmissível que uma cidade de cento e poucos mil habitantes tenha trezentos e tantos CCs de livre nomeação do prefeito, cuja maioria - admitamos - é dispensável do ponto de vista operacional. Pior ainda é a situação do Legislativo, onde cada vereador tem quase uma dezena de assessores, recebendo altos salários e fazendo quase ou absolutamente nada para que este município seja melhor para as futuras gerações do que é hoje.

Até uma próxima. Comentários identificados são bem vindos. Boa semana a todos!

On terça-feira, 27 de agosto de 2013 12 comentários

Partindo do pressuposto de que todos os integrantes da administração pública municipal estão imbuídos de boas intenções e de que são zelosos com o uso adequado do dinheiro público, nada justifica uma licitação que está em curso na Prefeitura de Araucária. Eu disse: nada, absolutamente nada!

O certame em questão é o que prevê a contratação de uma empresa para fornecer quase cinco mil horas técnicas que serão utilizadas na elaboração de um estudo com ênfase em planejamento municipal e a implantação de uma tal de escola municipal de gestão ao custo de R$ 910 mil. Se for levada à cabo, a licitação em questão é um verdadeiro escárnio do dinheiro público do pobre cidadão araucariense, ainda mais em tempos que se fala tanto em queda da arrecadação e falta de dinheiro para executar o orçamento em curso.

Apesar do objeto pomposo, com verbos no infinitivo e assim por diante, na prática, o que a Prefeitura quer contratar é justamente aquilo que deveria estar fazendo as secretarias de Planejamento, Finanças e Governo: pensar a estrutura administrativa da Prefeitura, verificando onde estão os gargalos do orçamento, buscar alternativas para incrementar a receita, implantar um conselho de gestão, melhorar a interação entre as secretarias, elaborar um orçamento decente, que não tenha que ficar sendo remendado a todo instante. Enfim, apontar o norte para o qual esta cidade tem que caminhar se não quiser ir a bancarrota.

O que se quer com esta licitação é tão ridículo, que se eu fosse os secretários de Planejamento Governo e Finanças, sentiria vergonha de continuar no cargo caso esse certame seja concluído, pois ele é - na prática - uma admissão de incompetência desses três senhores. Isto, claro, considerando o pressuposto que elenquei no primeiro parágrafo.

Por outra banda, há que se dizer que é decepcionante que os vereadores ainda não tenham feito nada para impedir a conclusão do certame em questão. Eles, enquanto integrantes do poder constituído exatamente para fiscalizar o Executivo já teriam que ter recorrido ao Tribunal de Contas denunciando esse escárnio e pedindo a interrupção da licitação. Ops, isto, claro, considerando que as excelências também estejam imbuídas dos interesses mencionados no primeiro parágrafo. Fica a dica!

Comentário são bem vindos! Até semana que vem!

On segunda-feira, 19 de agosto de 2013 17 comentários

 Ao longo da semana que se passou, numa roda de bate-papo, ouvi de alguma pessoas o seguinte questionamento: “e daí, teremos ou não teremos greve?”. Recorri a um ditado pra responder a pergunta: “olha, o momento atual é parecido com aquele em que o mato de frente ao nosso terreno não está baixo o suficiente para carpirmos e nem alto o bastante para roçarmos”. Ou seja, resta esperarmos.

Alguns dos meus interlocutores então me perguntaram qual era a minha opinião com relação ao modo como os sindicatos estavam conduzindo as negociações com a Prefeitura. Respondi que os episódios recentes fizeram com que eu mudasse minha opinião com relação aos dois sindicatos que representam o funcionalismo público municipal. Houve um tempo em que acreditava que, mais do que lutar pelos direitos de seus filiados, as entidades representativas de servidores pagos pelo Estado deveriam brigar por um serviço público de qualidade. Hoje, porém, não acredito mais nisso. Creio que os sindicatos que estão aí lutam simplesmente pelos direitos, e só pelos direitos, de seus associados. E olhando por esse prisma, eles estão fazendo um excelente trabalho.

Seguindo com o bate-papo, me questionaram sobre o que eu pensava da forma como o prefeito vem lidando com a situação. Argui que ele errou desde o início, pois não tratou o caso com a atenção que deveria. Se fosse precavido, ele saberia que os servidores não tem por ele a mesma simpatia que tinham com o gestor anterior, o que exigiria dele muito mais cautela na hora de negociar. Ele também pecou na hora de  realizar os cortes necessários. Deveria ter mandado os comissionados embora primeiro para só depois começar a cortar os benefícios dos efetivos. Do mesmo modo, a incapacidade de planejar de sua equipe o deixa vulnerável. Com algumas excessões, Olizandro não está cercado de companheiros e sim de cadáveres que ele tem que carregar nas costas. Se tivesse um grupo competente, já seria possível apresentar um plano ao funcionalismo de quando as coisas vão melhorar e, mais do que isso, das ações que terão que ser tomadas para que problemas como esses jamais voltem a acontecer, sim porque a despesa com a folha de pagamento da Prefeitura (e aqui estou falando de gastos com efetivos e comissionados) é uma bomba relógio armada, que vai explodir mais cedo ou mais tarde se nenhum gestor tomar as medidas impopulares que o caso requer.

Findando a prosa, me indagaram: “e o povo, como é que fica no meio dessa discussão toda?”. Bem, aparentemente, na população ninguém começou a pensar ainda. Por enquanto, sindicatos e Prefeitura estão procurando é se garantir.

Comentários são bem vindos. Até semana que vem!

On segunda-feira, 12 de agosto de 2013 12 comentários

Passados sete meses da gestão Olizandro um dos principais problemas herdados da administração que o antecedeu é a impossibilidade de fazer com que os três armazéns da família existentes na cidade reabram suas portas. A versão oficial é a de que a Prefeitura de Curitiba, mantenedora do projeto, encontrou um furo no convênio com a nossa Prefeitura e que estaríamos devendo algo em torno de R$ 1,2 milhão à capital. Devido ao rombo, Curitiba não renova o convênio se Araucária não pagar o tal valor. Como esse rombo muito possivelmente é fruto de malservação de dinheiro público, a Prefeitura não pode simplesmente tirar de seus cofres essa quantia sem começar a apurar quem foram os responsáveis pelo possível ilícito. O problema, porém, é que enquanto os burocratas da nossa prefeitura e da capital ficam discutindo, quem sofre são as pessoas que de fato utilizavam aquele projeto.

Embora seja totalmente favorável à apuração de que fim levou o milhão sumido e totalmente contrário ao pagamento dessa quantia formidável à cidade de Curitiba, creio que só a incompetência administrativa do comando atual da Secretaria de Agricultura justifica que ainda não tenha sido encontrada uma alternativa para atender as pessoas que - de fato - necessitam do alívio financeiro que comprar no armazém da família lhes proporcionava.

Particularmente sempre fui contrário a esse convênio estúpido com Curitiba para manter esses armazéns abertos. E minha contrariedade não tem nada a ver com um possível desapego às dificuldades vivida pelas famílias em vulnerabilidade social, as únicas que deveriam ser beneficiadas com tal programa. Acontece que qualquer gestor que pare para pensar um pouco na logística e no custo necessário para manter esses estabelecimentos já teria chegado à conclusão de que o melhor a ser feito era substituí-lo por um programa de transferência direta de renda, nos mesmos moldes do Bolsa Família, por exemplo.
O grande público talvez não saiba, mas para manter esses armazéns abertos à Prefeitura gasta algo em torno de R$ 100 mil por ano em aluguéis, outros R$ 600 mil anuais no transporte das mercadorias dos depósitos até os estabelecimentos onde eles estão instalados e mais R$ 800 mil na terceirização do atendimento dos armazéns. Isto para não falarmos do dinheiro surrupiado nos diversos assaltos que acontecem a esses locais e que a Prefeitura tem que repor.

Outro ponto negativo dos armazéns é que eles acabam prejudicando o comércio local, pois - como se sabe - muitas famílias que não precisam burlam o programa para poder comprar produtos subsidiados pelo poder público. Tanto é que dados oficiais apontam que existem setenta mil cadastrados para comprar nos armazéns de Araucária. Ou seja: é cristalino que tem gente dando o golpe no programa. Resumindo a conversa, já passou da hora da atual administração ter mais respeito e ser mais honesta com aqueles que de fato necessitam do auxílio do armazém. Para tanto é preciso reconhecer a impossibilidade de se continuar com o programa nos  moldes atuais, transferir seu gerenciamento da Secretaria de Agricultura para a de Assistência Social, que é quem tem a competência de cuidar de programas do gênero, iniciar um novo cadastro de beneficiários para o projeto que o substituir e, o mais importante, encontrar formas de promover socialmente seus usuários para que eles fiquem o menor tempo possível recebendo auxílio do Município e possam caminhar com suas próprias pernas.


Comentários são bem vindos. Até semana que vem!